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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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domingo, 21 de dezembro de 2008

Não quero ser desavaliado

Ser desavaliado é o contrário de ser avaliado. Consegue-se desavaliar um profissional classificando-o por todos os critérios excepto os que têm a ver com a sua função.

Um empregado de mesa é avaliado pela sua proficiência em atender os clientes, não pela sua habilidade em andar de skate. Se houvesse uma Maria de Lurdes Rodrigues dos restaurantes que insistisse em avaliá-lo pela forma como anda de skate, o senhor queixar-se-ia, com razão, de estar a ser desavaliado em vez de avaliado.

Um médico é avaliado pelo seu desempenho em relação a padrões amplamente estudados e internacionalmente estabelecidos por entidades cientificamente idóneas e independentes dos governos. Se, para um determinado procedimento, a probabilidade de erro estabelecida é "x", um médico que erre menos que "x" é bom e um que erre mais que "x" é mau. Um médico que errasse zero em tudo seria perfeito, mas desses não deve haver nenhum no mundo. O que não passa pela cabeça de ninguém é que um médico seja avaliado, enquanto médico, pela maneira como joga ténis. Isto não seria avaliação, seria desavaliação.

Um vendedor de automóveis é avaliado pelo número e valor dos automóveis que vende e não pela sua capacidade de imitar vozes de políticos. Um engenheiro civil é avaliado pelas suas obras - se a ponte não desaba, se o apartamento não mete água - e não pela graça das anedotas que conta.

De facto, só conheço duas profissões em que a regra não é a avaliação, mas a desavaliação: os juízes e os professores. Aos juízes pede-se que as suas decisões sejam doutas e extensas, sendo absolutamente irrelevante a relação que possam ter com a verdade material: não são avaliados, são desavaliados.

A mim, querem-me exigir tudo e mais alguma coisa - do que ninguém quer saber para nada é da minha proficiência em ensinar inglês e alemão. Não me querem avaliar, querem desavaliar-me.

Se eu pedir para ser avaliado como as outras pessoas - como o empregado de mesa, por exemplo, ou como o engenheiro - estarei a pedir demais? Se os outros são avaliados, porque é que o governo faz tanta questão em desavaliar os professores?

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pelo texto! Mais um tiro no alvo!

Cumprimentos,

João Paulo Maia

(Vim aqui através de uma referência num comentário do Umbigo)