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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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sábado, 12 de março de 2011

Não vai dar em nada? Vai, sim senhor

E quem confirma , sem saber, o que afirmo no título são alguns ddos ilustres comentadores da nossa praça. Pedro Norton anda tão à rasca com a Geração à rasca que escreveu dois artigos em edições consecutivas da Sábado: um a "provar" que a "geração à rasca" é constituída, afinal, por neoliberais qui se ignorent , e protestam contra os "privilégios" dos pais - como se receber 14 vezes por ano, com um mínimo de estabilidade, um ordenado equivalente a 0,025% do que aufere o sr. António Mexia fosse um privilégio intolerável e nele residisse a verdadeira causa de os jovens estarem à rasca.O sr António Mexia não tem nada a ver com este assunto: como ele próprio declarou, muito irritado, a um jornalista de televisão, "a competência paga-se."

No segundo artigo, o sr. Norton insiste na mesma tecla. Os jovens estão zangados com a narrativa social-democrática que funcionou para os pais mas não funciona para eles. Sem argumentos, o sr Norton recorre à caricatura: A aspiração legítima a um trabalho estável  transforma-se na boca de Norton na cobiça egoiosta dum "emprego para a vida"; qualquer direito que se negoceie e conquiste é um privilégio que se "abocanha" (sim, foi esta a palavra utilizada).

Sr Norton, não precisa de ter medo dos manifestantes, por muitos que sejam, que nunca acreditaram em si. Estes estão apenas muito zangados. Mas tenha muito medo daqueles que acreditaram na sua narrativa, porque estes, embora possam ser poucos, estão completamente furiosos.

Há também a teoria da manipulação, que algumas personalidades ligadas ao PS chegaram a aventar timidamente para se calarem logo a seguir. Manipulados? Manipulados por quem? Pelo sr. Norton? Depressa se viu que este velho argumento desta vez não pegava.

Miguel de Sousa Tavares mandou umas bocas de que depois pediu umas desculpas bastante chochas. Passemos adiante.

Resta o Professor Marcelo. Resta sempre o Professor Marcelo. Gosto muito de o ouvir porque confirma frequentemente a minha antiga opinião que certas formas de estupidez requerem muita inteligência. E foi dele, sem dúvida, o comentário mais estúpido que se fez à manifestação: que se tratava da mensagem errada para enviar à sra. Merkel.

O Professor Marcelo não anda neste mundo. Ainda não percebeu o sarilho em que estamos metidos, nós e toda a Europa. Não percebeu ainda que cada vez mais europeus vêm os políticos e os financeiros como a parte maior do problema. Professor Marcelo: Muita sorte teremos nós, os europeus, se num dia destes ou num ano destes não tivermos que decapitar alguma Maria Antonieta. Preocupe-se com os pescoços das Marias Antonietas e não com os ouvidos virginais da sra. Merkel, que já devem ter ouvido pior e vão ouvir muito pior nos tempos mais próximos.

E se ela se ofender, paciência: não digo que o professor não ficasse bem no papel de Scarlett O'Hara, mas acho que a geração à rasca está em posição de lhe dizer Frankly, my dear, we don't give a damn.

3 comentários:

Rui Ferreira disse...

Caro José Luiz Sarmento,

Leio cada post e agradeço.
Obrigado pela partilha.
É muita genorisadade.
E fundamento, é o sentimento traduzido na escrita. Que retrato mais fiel acerca das vozes da praça!

Ogre disse...

Brilhante. Como sempre.

Anónimo disse...

Não sei se irá dar alguma coisa, mas o "cadafalso" é capaz de ser o melhor caminho para alguns "prostitutos" do regime. A escolha tem de ser feita: ou eles ou "As gerações à rasca"...